Diante do crescente mundo virtual, "Ter destreza no
computador tornou-se um bem infinitamente mais valioso do que produzir uma boa
letra" ou escrever corretamente.
Ninguém de bom-senso discorda disso. Um conjunto recente de
pesquisas na área da neurociência, no entanto, sugere uma reflexão acerca dos
efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel. Por
meio da observação do cérebro de crianças e adultos, verificou-se de forma
bastante clara que a escrita de próprio punho provoca uma atividade
significativamente mais intensa que a da digitação na região dedicada ao
processamento das informações armazenadas na memória (o córtex pré-frontal), o
que tem conexão direta com a elaboração e a expressão de ideias. Está provado
também que o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios naquela
parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das palavras, contribuindo
assim para a fluidez na leitura. Com a digitação, essa área fica inativa.
Por outro lado, a escrita digital comprova que a comunicação não precisa se
fazer sobre um conjunto de regras gramaticais, muitas vezes contraditórias ou
de difícil entendimento, com tantas exceções. Entretanto, sabemos que a clareza
de um texto necessita, pelo menos, de uma boa pontuação. Assim, o que se faz
necessário é uma adequação da escrita digital às normas gramaticais e
vice-versa para que assim como as normas gramaticais, a escrita manual não
fiquem só na história, daqui a um tempo.
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